Os setores de agronegócio e agroindústria tendem a crescer fortemente nos próximos anos em Roraima, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER). As duas áreas foram identificadas no levantamento que o Instituto Amazônia+21 está fazendo com as Federações das Indústrias dos nove estados da Amazônia Legal sobre negócios sustentáveis e novas oportunidades na região.
E para que esses novos negócios sustentáveis sejam instalados no estado, a captação de recursos é fundamental. Muitos empreendedores não conseguem os investimentos necessários para que os negócios se concretizem. O Instituto Amazônia+21 vai facilitar isso, atuando na conexão de empresários com investidores e fundos.
Criado a partir de uma iniciativa de empresários da região da Amazônia Legal, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das nove Federações das Indústrias dos Estados, o Instituto Amazônia+21 tem como propósito apoiar negócios sustentáveis e inovadores. Também busca fortalecer os empreendimentos existentes, que atendam as demandas locais e a agenda ESG. Aliás, a entidade também oferece consultoria para que as empresas instaladas na região se adequem às práticas ESG.
Em Roraima, há oportunidades de negócios lucrativos, que gerem emprego e renda, em diversas áreas. Os produtos do estado possuem vantagem competitiva por causa de incentivos fiscais e tributários. A localização geográfica entre duas fronteiras internacionais e próximo ao Caribe também permitem que o estado se posicione como potencial fornecedor de alimentos para outros países.
A fruticultura é um dos setores com potencial de crescimento. A intensa radiação solar, a temperatura média de 27° durante o ano, e as chuvas regulares e bem distribuídas são condições favoráveis para o cultivo de frutas regionais, como abacaxi, melancia, melão, banana, maracujá, graviola, cupuaçu, açaí, buriti e camu-camu.

As condições naturais do estado favorecem ainda a pecuária bovina, com destaque para a Integração Lavoura Pecuária que incorpora tecnologias sustentáveis de conservação e melhoria dos solos. Para se ter uma ideia, a produção de carne bovina tem avançado 8% ao ano, de acordo com a FIER.
A cadeia produtiva da soja também tem grande importância. As áreas planas mecanizáveis de savanas, com baixo impacto ambiental, são favoráveis ao cultivo. Outra atividade promissora é a piscicultura, que consiste na criação de peixes nativos, como tambaqui e matrinxã, em açudes naturais. A atividade é sustentável e lucrativa, e atualmente está com cerca de 4.000 hectares de lâmina d’água e produção superior a 20.000 ton/ano.

Na avaliação da FIER, o uso de resíduos orgânicos do extrativismo, piscicultura e agroindústria será crescente, resultando em biomassa, óleos e biogás para usinas.
Na área de bioenergia, a lei estadual 1458/21 e o leilão de potência e energia de 2019 criaram bases de parque de geração de energia, fomentando tanto o agro empresarial como o familiar no plantio de dendê e de madeira de reflorestamento.
Roraima é o único estado brasileiro que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Existe uma previsão do Ministério de Minas e Energia de que a capital Boa Vista se conecte ao sistema em 2024.
Segundo o Fórum de Energias Renováveis, coordenado pelo Instituto Euvaldo Lodi, o estado é abastecido atualmente por usinas termoelétricas a diesel que são instáveis, caras e poluentes. Roraima possui, no entanto, grande potencial para a geração de energias renováveis com capacidade de suprir as necessidades locais. E a energia solar é uma dessas fontes.
O Fórum atua, portanto, na elaboração de políticas públicas, pesquisas e na interlocução para que energias renováveis sejam cada vez mais adotadas no estado. Um de seus projetos é o Samaúma que pretende levar internet e energia fotovoltaica para os indígenas da etnia Wai-Wai.

Outro projeto é o “Mudando o modelo dominante de fornecimento de energia elétrica às comunidades da região amazônica: da escuridão às energias renováveis”, do Instituto Clima e Sociedade com participação do Fórum. O objetivo é levar energia limpa e sem interrupções de fornecimento para todas as comunidades da Amazônia.
A Federação das Indústrias do Estado de Roraima coordena ainda algumas ações voltadas para o desenvolvimento sustentável, como a gestão do grupo de trabalho criado pelo Ministério da Economia para o desenvolvimento de projetos na área da Bioeconomia.