Instituto Amazônia+21 apresentou projeto que é parceria com Centro de Estudos Rioterra e Santo Antônio Energia.
O Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia (CBCA), projeto idealizado e desenvolvido em Porto Velho, Rondônia, por uma parceria do Centro de Estudos Rioterra, a Santo Antônio Energia e o Instituto Amazônia+21, foi apresentado pelo presidente do instituto, Marcelo Thomé, na Feira de Hannover, Alemanha, na tarde de 19 de abril, no espaço reservado à indústria brasileira. O CBCA foi um dos quatro projetos escolhidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para ser apresentado no maior evento internacional de tecnologia industrial como referência de iniciativa para descarbonização da economia no Brasil e oportunidade de investimento sustentável para empresas internacionais.
As principais tendências da Feira de Hannover 2023 são a conectividade e a neutralidade climática, o que motiva a CNI apresentar os esforços do setor industrial brasileiro na transição para a produção descarbonizada, pauta em que o projeto do Centro de Bioeconomia se encaixa perfeitamente. “É um orgulho ver uma solução construída em Rondônia, que é o CACB, e a parceria entre o Centro de Estudos Rioterra, a Santo Antônio Energia e o nosso o INSTITUTO AMAZÔNIA+21, mostrando a capacidade das empresas e instituições da própria Amazônia para realizar projetos de transformação da realidade local, com diferenciais que chamam atenção, inclusive pela identificação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, destaca Thomé.

A Feira de Hannover tem a maior estrutura de eventos do mundo. Entre os dias 16 e 21 de abril, deve reunir mais de 4 mil exibidores, apresentando cerca de 8 mil produtos e soluções inovadoras. O público estimado é de mais de 80 mil visitantes, formado por empresários, especialistas, gestores e representantes de empresas de centenas de países, interessados em novas tecnologias e prospecção de negócios e parcerias.
O CBCA, BASE E EXEMPLO PARA A BIOECONOMIA
Numa área de pouco mais de 9 mil metros quadrados, a 30 quilômetros de Porto Velho, em Rondônia, uma transformação silenciosa está em andamento. Ali a mata nativa foi derrubada para formação de pastagens e depois de décadas de queimadas e uso intensivo, o terreno se tornou imprestável para a pecuária ou qualquer outra atividade produtiva. Mas agora a área volta a ter vida e se transforma numa fonte de mudas e sementes de espécies nativas da floresta amazônica, que voltam a crescer neste espaço degradado graças a cultura de um consórcio natural que também tem a dádiva de regenerar a terra cansada. A variedade vai de árvores frutíferas como o açaizeiro, até tubérculos como a mandioca, numa mostra revigorada do rico cardápio da flora da região.
Por trás dessa boa mudança estão pesquisas de ponta e novas tecnologias que buscam transformar a área num modelo de utilização de terras degradadas, com potencial para revolucionar o conceito de conservação da floresta – inserindo aí a sua exploração sustentável. Um modelo inovador que pode ser replicado em toda a Amazônia e até fora dela.
Esse projeto que fortalece a base de ações para o desenvolvimento da bioeconomia, também pode ser entendido como uma amostra prática da própria bioeconomia acontecendo em plena floresta amazônica, com a criação do Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia (CBCA). A iniciativa ganhou força a partir de agosto de 2022, com a formalização da parceria entre o Centro de Estudos Rioterra, a Santo Antônio Energia e o INSTITUTO AMAZÔNIA, que articulou a aproximação das três instituições.
O fato de proporcionar a produção de sementes para regeneração de áreas degradadas com espécies nativas da própria Amazônia, é um diferencial muito importante da proposta inovadora do CBCA. Outro aspecto fundamental é a participação de comunidades locais, incorporando conhecimentos tradicionais e mão-de-obra nativa na produção de mudas e plantações para a regeneração da área. Ao longo do tempo, o projeto contempla capacitação e acesso a tecnologia para geração de renda e melhoria da qualidade de vida das comunidades, a partir do manejo sustentável dos recursos que só a floresta em pé pode oferecer.

O CBCA se estrutura como uma base de apoio ao desenvolvimento da bioeconomia, ampliando conhecimento e acesso às possibilidades de geração de produtos, inclusive de forma escalável, a partir da flora amazônica. O presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, resume o potencial da iniciativa: “O CBCA é uma iniciativa produtiva e transformadora, que vai contribuir para inverter a realidade de queimadas e emissão de gases na Amazônia, oferecendo mudas de espécies nativas para reflorestamento e outras ações de conservação do bioma. A meta é induzir a troca da cultura do desmatamento pela valorização da floresta em pé e da bioeconomia, com inclusão das comunidades tradicionais e oportunidades para os brasileiros da Amazônia”.
OBRA CONJUNTA
Cada parceiro tem uma função no desenvolvimento do projeto CBCA. O INSTITUTO AMAZÔNIA +21 trabalha na prospecção de investidores de perfil identificado com o projeto e apoia a estruturação do seu desenvolvimento, que tem duração estimada de 25 anos. O Centro de Estudos Rioterra é o encarregado do planejamento e execução do Centro e suas múltiplas finalidades, e também trabalha na captação de recursos. A Santo Antônio Energia fez a cessão da área onde o centro está instalado, apoia o planejamento, a viabilização da infraestrutura e a realização de cada etapa do projeto.
Os três compartilham a Governança corporativa do projeto, adotando desde o início dos trabalhos processos de gestão, ética e compliance alinhados aos critérios da ESG – de monitoramento ambiental, social e econômico. Hoje em dia, são os que norteiam as ações das empresas, com forte impacto na atração de investimentos. Os parceiros são unânimes em destacar que esta é, especialmente, uma ação de inovação: o CBCA é o primeiro espaço voltado à bioeconomia e serviços ambientais em toda a Amazônia.
“Ele reúne, em um único e significativo território, as múltiplas abordagens possíveis nessas duas áreas de atuação, em um projeto inédito na região”, destaca um dos gestores do INSTITUTO AMAZÔNIA +21, Fernando Penedo, que é especialista sênior em ESG. “Uma iniciativa dessa envergadura não pode prescindir de se orientar pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o diálogo consistente com a agenda ESG, ambos indispensáveis nos relacionamentos com todas as partes interessadas – especialmente as financeiras, que analisam esses aspectos na hora de escolher onde aplicar seus recursos”.
Segundo Penedo, o INSTITUTO AMAZÔNIA +21 se uniu ao Centro de Estudos Rioterra e à Santo Antônio Energia por entender que o projeto é fundamental para a disseminação de técnicas e conhecimentos que permitirão estruturar toda uma cadeia florestal de recuperação de áreas degradadas no Sudoeste da Amazônia. “A iniciativa está em linha com a nossa missão, que é apoiar a criação de negócios sustentáveis e inovadores na Amazônia, bem como fortalecer empreendimentos existentes e aqueles que venham a se estabelecer na região, dialogando com as demandas locais, o potencial econômico da região e a agenda ESG”, detalha. “Dessa forma, estamos especialmente dedicados a estabelecer uma governança multinível referência no tema e uma implementação exitosa da iniciativa, buscando recursos, parceiros, pesquisando referências e estruturando o modelo técnico e econômico-financeiro para a reedição da iniciativa em outros territórios”.
“É um projeto de valor imensurável para a conservação da Amazônia como um todo e para o Brasil como país, porque o que estamos construindo ali é o primeiro centro de difusão tecnológica destinado à restauração e recuperação da cobertura vegetal original dessa região, que tem importância mundial”, enfatiza o Coordenador Geral de Projetos do Rioterra, Alexis De Sousa Bastos. “Seremos referência em pesquisa, conhecimento, práticas e técnicas, tudo concentrado num só lugar. Isso permite não só escalar o que for desenvolvido ali para a Amazônia inteira – incluindo países vizinhos -, como replicar a ideia do Centro em outros ambientes”.
Já o presidente da Santo Antônio Energia, Daniel Faria Costa, aponta para os ganhos econômicos e sociais que o CBCA irá proporcionar. “Além dos benefícios ambientais para a região, acreditamos que o Centro é uma iniciativa inovadora capaz de fortalecer também o desenvolvimento da economia local, com impacto positivo no cotidiano das comunidades”, ponderou. “Contamos com a expertise e competências do INSTITUTO AMAZÔNIA +21 e do Centro de Estudos Rioterra, além do nosso time de especialistas em meio ambiente, para garantir que o Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia se torne um vetor de geração de renda, oportunidades e inovação”.
