julho 27, 2023

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Rioterra é responsável pela execução do projeto do CBCA

ESCrito POR: Assessoria de Imprensa

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Entidade do terceiro setor atua há 24 anos em Rondônia e já investiu R$ 4 milhões no Centro de Bioeconomia, destinados ao início da restauração da cobertura vegetal

O Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia (CBCA) iniciou as atividades ainda no ano passado, assim que assinado o termo de cooperação com o INSTITUTO AMAZÔNIA +21 e a Santo Antônio Energia, em agosto. E começou pelos trabalhos de restauração das áreas que serão destinadas às Vitrines Tecnológicas – cerca de 25% do terreno (235 hectares) que ainda estavam sob pastagem naquele momento. O restante é constituído de áreas em regeneração e remanescente florestais primários, que serão utilizados para estudos e pesquisas e também para marcação de matrizes destinadas à coleta de sementes.

De acordo com o Coordenador Geral de Projetos do Rioterra, Alexis De Sousa Bastos, responsável pela execução das atividades do Centro, a maior parte da área estava degradada e havia sido desmatada ciclicamente para pastagem. “O grau de dificuldade nessa regeneração diz respeito às formas de uso e ocupação do solo e à duração desse uso. As áreas estavam desmatadas há muito tempo, sob uso de pecuária, e foram queimadas e requeimadas, de forma que o banco de sementes que sobreviveu no solo é bem mais pobre e exige atividades mais onerosas para a restauração, como o plantio total. Mas o Rioterra tem uma experiência muito grande nessas técnicas e nesse tipo de trabalho – é o nosso feijão com arroz”, orgulha-se ele.

O Centro de Estudos Rioterra já investiu mais de R$ 4 milhões no projeto do CBCA, só com recursos diretos e destinados à restauração das áreas. Isso sem contar com as contrapartidas da Rioterra e as horas técnicas dos muitos especialistas que estão trabalhando no projeto.

Até março, o CBCA já conseguiu restaurar 164 hectares voltados a Vitrines Tecnológicas, cuja finalidade é servir como modelo de restauração florestal, permitindo acompanhar diferentes técnicas com diferentes modelos de restauro da cobertura vegetal.


Algumas vitrines serão para restauração ecológica e o objetivo aí é demonstrar como esses plantios podem ser usados para trazer a floresta de volta, com o máximo de proximidade com o que um dia ela foi antes do desmatamento. Noutras, o que se busca é a recuperação da cobertura vegetal por meio da plantação de um sistema agroflorestal – por exemplo, açaí, cacau, mandioca e outras espécies locais, que as pessoas que moram na região vão poder explorar no futuro.

“Essa transferência de conhecimentos é destinada desde a elaboradores de políticas públicas, que poderão entender melhor como isso funciona na prática e quais são as espécies mais resilientes, a técnicos que vão trabalhar na implementação dessas políticas públicas”, ressalta. “Também irá beneficiar quem quiser desenvolver atividades produtivas ligadas a sistemas agroflorestais, abrangendo a população local e grupos organizados como cooperativas e associações de produtores, que vão poder beber dessa água e aprender”.

Ao mesmo tempo, o Centro de Estudos Rioterra também está fazendo todo o mapeamento do uso e ocupação do solo, para levantar o que aconteceu naquelas terras ao longo das últimas décadas. Em 2023, o CBCA vai dar continuidade aos processos de restauração e mapeamento e começar a implementar os estudos de identificação botânica dessas áreas regeneradas espontaneamente, para entender como funciona a sucessão da vegetação naquela região. “Temos muita regeneração natural ali, é importante saber qual a estrutura florestal que voltou e quais as espécies mais resistentes em quesitos como resiliência e mudança do clima”, aponta.

BIOFÁBRICA

Todo esse trabalho na área formará a base para a Biofábrica do CBCA, que tem o papel de difundir tecnologia de genética vegetal para a produção de materiais (mudas) de altíssima qualidade, com maior produtividade e resistência a patógenos. O objetivo final é ampliar a geração de renda e empregos no meio rural.

O coordenador Alexis Bastos gosta de usar como exemplo o caso da mandioca, cultura muito comum na região. “Hoje, um hectare plantado com mandioca normal rende cerca de 20 toneladas; se plantarmos uma mandioca clonal da Biofábrica, pode chegar a 32. Nessa e em outras culturas locais, é possível ter até quatro vezes mais renda no mesmo espaço e com o mesmo esforço”, compara.

A ideia é que os materiais desenvolvidos na Biofábrica sejam comercializados, para ajudar na manutenção do Centro.  “Pensamos o Centro também como um negócio. Por isso, outro produto importante que podemos vender ali é o Conhecimento, estamos prevendo a oferta de cursos e capacitações ministrados pelos técnicos envolvidos em todo esse processo”, adianta Bastos.

PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

A participação das comunidades locais é fundamental para o projeto e já começou. A população próxima da região do CBCA tem um perfil rural, alguns deles ribeirinhos, e um conhecimento sobre a floresta que está sendo bastante valorizado. “Todos os trabalhos de pesquisa, inclusive pesquisa científica, também são alicerçados nos conhecimentos tradicionais dessas comunidades que vivem nas margens dessas áreas. Sobre as espécies nativas locais, por exemplo, como eles conseguem identificar, para que as utilizam, com que nome conhecem, precisamos acessar quais as relações de uso que eles têm com a terra e a própria floresta”, enfatiza Bastos.

Além disso, a comunidade local participou da recuperação dos 64 hectares realizada de 2022 para 2023: foram gerados cerca de 50 empregos que, apesar de temporários, são importantes para a comunidade.

“E aqui entra outra questão diferencial do CBCA – não estamos falando apenas da geração de emprego e renda, mas também da geração de conhecimento para esses moradores”, aponta Bastos. Segundo ele, ao trabalhar nas recuperações florestais eles são capacitados nessas técnicas e podem desenvolver a atividade em outros lugares, aprendendo uma prática que será muito útil nos próximos anos. “A recuperação florestal será muito forte na região, projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que o setor vai crescer de 15 a 20 vezes até 2030. Então, ao mesmo tempo também ajudamos a comunidade local a estar preparada para isso”.

Mas além de gerar emprego, renda e capacitação em recuperação florestal, o Centro de Bioeconomia ainda busca, no futuro, transformar os habitantes dessas comunidades em parceiros empreendedores para a formação e exploração de sistemas agroflorestais próprios. “Quase todos têm alguma área tipo sítio ou chácara em que poderão usar os conhecimentos adquiridos numa produção autônoma, de mandioca, cacau, açaí, etc., e assim disseminamos a produção sustentável que vai proteger a floresta”, projeta Alexis Bastos.

Para o coordenador do Centro de Estudos Rioterra, o Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia (CBCA) ainda traz luzes à implementação de políticas públicas nessas comunidades. “Preciso implementar um programa de regularização ambiental, quais são as espécies que vou plantar e vão sobreviver? Se o agricultor, especialmente o familiar, plantar mudas comuns e elas morrerem, ele não tem dinheiro para ficar investindo nessas áreas degradadas, pois o custo de regeneração de uma área gira em torno de R$ 20 a R$ 25 mil o hectare”, revela. “Porém, se ele tiver acesso a mudas que já comprovaram que são mais rústicas, mais resistentes em campo, conseguimos fazer com que ele seja aderente a uma política pública e produza de forma regular, sem nenhum tipo de problema legal nem econômico ou social. Ou seja, estará regularizado ambientalmente e isso permite uma série de outras possibilidades. Então, o projeto é importante para todos os envolvidos”.

MANUTENÇÃO

As atividades previstas no projeto do Centro de Bioeconomia devem estar finalizadas até 2025, mas a manutenção e acompanhamento do que for desenvolvido ali vão se estender por 25 anos, até 2047. Da parte do Centro Rioterra, essa atuação pós instalação será centrada na manutenção do plantio florestal, uma vez que se trata de atividade com escala temporal entre 25 e 30 anos, justamente o tempo do projeto. A manutenção abrangerá as áreas regeneradas em todo o complexo, que é inteiramente voltado para a restauração. “Lá vamos ter trilhas, identificação botânica das espécies, registro dos estudos realizados, as vitrines tecnológicas (áreas recuperadas), os viveiros e a biofrábrica. Além da manutenção dessas áreas todas, também vamos fomentar a visitação desses espaços, porque é um local muito atraente para essa finalidade”, revela.

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