A maneira como construímos e urbanizamos nossas cidades determina a qualidade de vida das populações e impacta o meio ambiente de tal forma que faz as pessoas sentirem mais diretamente os efeitos das mudanças climáticas. Podemos lembrar os apagões provocados pelas chuvas de outubro em São Paulo. Ou exemplos ainda mais trágicos, como as enchentes de abril no Rio Grande do Sul e as mais recentes, na Espanha.
O Dia Mundial do Urbanismo, celebrado no 8 de novembro, é uma oportunidade para pensar um novo marco de responsabilidade na ocupação dos espaços urbanos, onde as populações se concentram cada vez mais. Segundo a ONU-Habitat, 54% da população mundial é urbana e até 2050, será 66%. No Brasil, a população urbana já é de 80%, e a projeção é chegar a 90%. A vida urbana determina os hábitos de consumo, induzem a pegada das emissões e devem estar no centro das discussões sobre as mudanças climáticas e o futuro do planeta.
O urbanismo contemporâneo precisa ser repensado de forma que as cidades se tornem agentes ativos na redução das emissões de carbono. Modelos que promovem a densidade populacional de maneira equilibrada, a eficiência energética e o uso de fontes renováveis de energia, além da integração de áreas verdes, mostram-se fundamentais para que se possa reduzir a pegada de carbono.
A crise do clima castiga mais severamente as populações periféricas e mais vulneráveis. É urgente que as cidades, especialmente grandes centros urbanos, adotem políticas públicas e práticas de adaptação e mitigação em seus planos e regramentos urbanísticos, para democratização e equidade no acesso aos recursos e às infraestruturas resilientes.
A missão do Instituto Amazônia+21 tem ponto de partida na conservação das florestas amazônicas e inclusão de suas populações com negócios sustentáveis, mas a nossa visão de mundo é global. Assim ela integra a ideia de cidades sustentáveis e conservação de ecossistemas para o equilíbrio climático. A bioeconomia e os negócios sustentáveis são soluções tanto para a conservação da Amazônia quanto para o crescimento justo e ordenado das nossas cidades.
É urgente repensar o urbanismo e as cidades, deste metrópoles como São Paulo até as cidadezinhas esquecidas no meio da floresta Amazônica. Todas, e cada uma a seu modo, impactam o meio ambiente e incluem no contexto da crise climática. É dever global e de todos os países transformar as cidades em polos de inovação e resiliência para melhor qualidade de vida das pessoas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável com justiça climática e paz social.