Realizado em São Paulo, o encontro reuniu setores estratégicos para fortalecer o diálogo e levar as discussões para Belém
O Instituto Amazônia+21 e a Facility de Desenvolvimento Sustentável (FAIS) se reuniram na Confederação Nacional das Indústrias (CNI) para o evento preparatório para a COP30, focado no desenvolvimento sustentável dos nove estados da Amazônia Legal.
Estiveram presentes representantes da Sustainable Business COP, uma iniciativa global liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que articula o setor privado para a agenda climática, além da Caixa Econômica Federal, Federação da Indústria do Pará e Rondônia (FIEPA e FIERO), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Instituto Nacional de Colonização, Reforma Agrária (INCRA) e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e outras lideranças.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, que participou de forma remota, declarou que “é necessário conciliar desenvolvimento econômico com as características inerentes à Amazônia. O Instituto Amazônia+21 é uma ferramenta fundamental para tornar essas oportunidades mais críveis, buscando o potencial da região e poder permitir um novo desenvolvimento que preserve a floresta e o clima para uma entrega efetiva.”
Políticas e parcerias pela Amazônia e pelo clima
De acordo com a CNI, 75% das indústrias brasileiras já adotam práticas de sustentabilidade. Um sinal claro de que o setor produtivo pode ser protagonista da agenda climática.
Para o presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, o primeiro objetivo de toda essa mobilização é a superação do conceito de que a Amazônia não pode ter desenvolvimento econômico, sob o argumento de que esta pode ser uma prática destrutiva. “Juntos estamos conseguindo mostrar que é possível ter uma agenda de negócios, nova e arejada, e que olha para as pessoas não como assistencialismo, mas como parte de um processo inclusivo de desenvolvimento econômico sob novas bases negócios verdes e sustentáveis. Assim poderemos superar uma agenda de atrasos”, completa Thomé.
Alex Dias Carvalho, presidente da FIEPA, entende que a agenda de discussão precisa dialogar com o território de forma plural e diversa. “Entender a conservação não pode se desatrelar do desenvolvimento socioeconômico para que assim se torne, na prática, uma solução”, pontua.
A discussão reforçou que é necessária a criação de políticas públicas para a região para que haja o avanço em infraestrutura de forma responsável e sustentável, conduzindo a Amazônia a um futuro inclusivo e permeado de bons negócios.
Flávio Ribeiro, representante do INCRA-RO, que é uma peça-chave na estrutura fundiária da Amazônia, apontou como um caminho a necessidade de garantir que a população local possa prosperar em sua região, garantindo renda, produção de alimentos e trabalho. “Precisamos entender que lá existem pessoas e olhar para a questão de estrutura fundiária é uma oportunidade de recomeçar da maneira certa e levar uma esperança nova e concreta ao território, transformando a vida dessas famílias.”
O executivo também apresentou um projeto em fase de implementação, realizado em parceria com o Instituto Amazônia+21 e FAIS, que atuará em áreas de assentamento rural levando soluções e desenvolvimento de cadeias de valor para impactar essa população. O objetivo é criar uma agenda de inclusão e conservação por meio de restauro e do desenvolvimento de atividades econômicas regulares.
Investimentos que movem a economia da Amazônia
O blended finance, ou financiamento misto, também pode fazer a diferença na economia amazônica. Para Fernando Penedo, diretor de Operações e Projetos do Instituto Amazônia+21 e da Facility de Investimentos Sustentáveis (FAIS), “é necessário alocar capital filantrópico de forma estratégica, de modo a atrair novos investimentos, sair do lugar de conforto e dos projetos pequenos e pensar em economia verde amazônica de escala como oportunidade de desenvolvimento do país e desse território estratégico. É a junção das diferentes capitais que farão diferença na Amazônia.”
Para Cristiano Prado, da PNUD (ONU), a Amazônia é uma das regiões que mais necessitam de desenvolvimento humano no território nacional. “Parte da solução é fazer com que o recurso chegue de maneira estruturada para gerar ativos, emprego e renda na região. Não é uma questão de falta de dinheiro e sim de falta de instrumentos e pipeline de projetos que estejam prontos para receber esses investimentos. O papel do blended finance é estratégico, reduzindo riscos para o investidor e mesclando diferentes capitais, transformando a oportunidade de investimento em certeza de retorno.”
Davi Bomtempo, Superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI e secretário executivo da SBCOP, declarou que “É necessário trabalhar o incentivo econômico e sabemos que esse é o lado da moeda que vai virar a chave. A SBCOP veio para atender uma visão de engajamento e implementação. É preciso conseguir conectar a agenda de financiamento. Dinheiro há, recurso há, então faltam bons projetos de impacto de escala, que podem virar uma política pública para transformar essa realidade”, conclui Davi.
Entre os projetos que foram apresentados está o Morar Amazônico, elaborado pela CAIXA, em parceria com o Instituto Amazônia+21, para levar habitação digna às comunidades ribeirinhas com um modelo de casas de palafitas feitas com madeira engenheirada.
“Vimos que havia uma demanda da administração local para criação de casas de palafitas para essa população, mas sem projetos estruturados que se encaixassem no modelo de desempenho e qualidade do Minha Casa, Minha Vida. Muito mais do que pensar em um sistema construtivo, estávamos pensando em um novo modelo de desenvolvimento para a região, criando referências, demonstrando viabilidade e incorporando nas políticas públicas”, explica Jean Benevides, Diretor de Sustentabilidade da Caixa.
Todos os interlocutores do evento reforçaram a necessidade de geração de cadeias de valor como caminhos para o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Mariana Domenech, parceira do Instituto com a Plataforma Sabiá, que busca transformar pesquisa básica em pesquisa aplicada aos bioativos amazônicos, indica que “podemos achar um caminho para transformar pesquisa em produto e produto em impacto. Falar sobre Amazônia é falar de um alto potencial de desenvolvimento de biotecnologia e bioeconomia.”
O evento também contou com a pré-estreia do trailer da série documental “Amazônia(s): Um novo jeito de caminhar”, uma produção do INTRO Pictures, com coprodução da Istambul Filmes e do Instituto Amazônia+21 e patrocínio da IBM e Ultragaz. A obra mostrará como ciência, negócios e comunidades estão transformando a floresta em um ecossistema de inovação, sustentabilidade e prosperidade.