Ambição amazônica na COP30

Marcelo ThoméPresidente do Instituto Amazônia+21, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero)

Marcelo Thomé

Presidente do Instituto Amazônia+21, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde preside o Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas).

Sem ambição não há solução. Esse devia ser o lema da COP na Amazônia. E não à toa, pois a COP em Baku se apequenou apenas reafirmando a vontade de resgatar o senso do Acordo de Paris – frear o aquecimento global em 1,5°C. Isso é muito pouco e é tudo o que saiu da Zona Azul, área da COP onde as partes reúnem suas diplomacias e chefes de Estado. Já na Zona Verde da COP em Baku, o mundo viu o vigoroso potencial de soluções sustentáveis das sociedades civis dos diversos países com suas instituições, comunidades, ONGS, academias e empresas.

Frustações com as COPs crescem após a COP21, em 2015, quando o Acordo de Paris foi selado, mas nunca efetivado. E como conflitos geopolíticos envolvendo nações poderosas devem se agravar em 2025, a perspectiva é de sequência da inércia que há dez anos limita a oficialidade das COPs a rever metas de emissões e do financiamento climático, sem erguer o combate à crise do clima. Em contraponto, a participação civil cresce a cada COP e fortalece o ideal da sustentabilidade.

Para a COP na Amazônia ganhar força e ambição, nossa participação precisa ser ampla, propositiva e capaz de fortalecer a posição do Brasil pela cooperação entre governo, sociedade e setor produtivo. A liderança brasileira teria tomado forma desde Baku se já houvesse definido o presidente da COP30, e isso também importa para a mobilização e a qualidade da participação civil.

O valor das nossas florestas para a regulação climática realça a COP na Amazônia. Elas abrigam a maior biodiversidade do planeta e devemos insistir que toda boa estratégia para ações de impacto global começa no trabalho com ecossistemas integrados e a inclusão das populações locais.

Se no interior da Amazônia, como em todo país com grandes florestas, o desmatamento ainda é uma ameaça, isso também se deve à timidez dos campeões de emissões para mobilizar recursos financeiros em larga escala e promover uma governança que conecte ações locais a metas globais.

A COP na Amazônia é o lugar de expor o vasto espaço que temos aqui para a inovação, a bioeconomia e o crescimento econômico com responsabilidade socioambiental. Isso exige cooperação público-privada, mas o setor produtivo precisa ter protagonismo e nem sempre esperar pelos governos, que têm o dever dos investimentos estratégicos, sobretudo em infraestrutura. A conservação da Amazônia carrega a oportunidade de uma economia regional capaz de reduzir desigualdades históricas e de ancorar o desenvolvimento sustentável nacional.

Na saída da COP em Baku o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que “esperava um resultado mais ambicioso” e que os compromissos anunciados “se traduzam rapidamente em recursos financeiros”. Ninguém mais pode negar que passa da hora de desconstruir o caráter insondável do “financiamento climático”.

Na partida para a COP30 devemos expressar uma ambição do tamanho da Amazônia e mobilizar a sociedade para fortalecer a posição do Brasil e da banda menos endinheirada dos países sentados à mesa das Nações Unidas em Belém do Pará.

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