Conexões globais para o futuro da Amazônia: Marcelo Thomé, do Instituto Amazônia+21, detalha desafios e conquistas na COP28

Qual o objetivo da participação do Instituto Amazônia+21 na COP28?


Qual o objetivo da participação do Instituto Amazônia+21 na COP28?


Para melhorar a qualidade de vida das pessoas na Amazônia e manter a floresta em pé, precisamos estar atentos a agenda do clima. Na COP a gente se atualiza e cria canais para dialogar com iniciativas globais para contenção da crise climática. Dubai destacou a transição energética, questão crucial para o desenvolvimento sustentável da Amazônia e do Brasil, enquanto dezenas de eventos paralelos sobre negócios sustentáveis nos conectaram com empresas e investidores de todo o mundo. Então a COP 28 foi muito interessante para o Instituto Amazônia+21. Por outro lado, as nações ricas e desenvolvidas saíram da COP 28 sem garantir ações concretas para cumprir o que prometem desde a COP 15, com o Acordo de Paris. Elas seguem devendo o aporte de dinheiro que os países mais pobres precisam para conservar florestas, diminuir e compensar emissões, contribuir para segurar o aumento da temperatura do planeta em 1,5 graus centrígrados, até 2050.  


Quais mensagens-chave foram destacadas durante os painéis e apresentações realizadas no evento?


A Amazônia é uma floresta habitada e só vai permanecer em pé se forem criadas novas oportunidades de vida para os 30 milhões de brasileiros que vivem nas suas matas, rios, comunidades e cidades. Isso só pode ser feito com desenvolvimento econômico e social. E o meio para isso são os negócios sustentáveis fortalecendo as microeconomias locais. Mas isso precisa estar conectado a um projeto macroeconômico no qual o Brasil inclua a Amazônia como protagonista do seu desenvolvimento sustentável. O mercado financeiro também precisa entender isso e escalar investimentos na Amazônia. Na COP mostramos o potencial da bioeconomia, economia circular e estratégias de baixo carbono, pesquisa e inovação, mostramos a grandeza econômica, social e ambiental que é possível fazer acontecer na Amazônia com protagonismo dos setores produtivos e investimentos públicos em infraestrutura e regulação.  


Qual a relevância de realizar um pitch na COP28?


O pitch é a oportunidade de apresentar o Instituto na COP, de falar para o seu público, que é o mais qualificado que se pode reunir. Apresentamos nossa agenda de sustentabilidade e de negócios, nosso diferencial e presença em toda a Amazônia Legal com apoio das federações de indústrias dos seus nove estados. Mostramos projetos e ações concretas. O Observatório da Amazônia, Itinerários Formativos, o Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia, a Facility de investimentos Sustentáveis, a parceria com o SEBRAE no Inova Amazônia apoiando mais de 230 startups na região. O pitch é relevante para contatar parceiros efetivos e potenciais, investidores, empresas e demais interessados em negócios sustentáveis presentes na COP.


Houve algum feedback ou parcerias potenciais resultantes na COP28?


Sim, houve feedbacks positivos relacionados às agendas apresentadas, com foco na facilidade de investimento e na magnitude dos investimentos. Esses feedbacks destacaram o compromisso do Instituto com o desenvolvimento sustentável e o potencial para futuras parcerias. Além disso, a COP28 serviu como uma plataforma para o Instituto estabelecer conexões valiosas e iniciar discussões sobre possíveis colaborações. Essas interações podem resultar em parcerias estratégicas importantes para o Instituto e empresas locais, mas também para acelerar o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia.


Como a participação na COP28 contribui para a missão mais ampla do Instituto Amazônia+21?


Participar da COP28 permite ao Instituto Amazônia+21 disseminar seu trabalho, afirmando uma contribuição inovadora do setor produtivo para o desenvolvimento socioeconômico da Amazônia, com oportunidades para as pessoas e preservação do bioma. Isso exige investimentos em negócios inovadores e nos trazemos uma nova proposta para atração desses investimentos, conectado capital nacional e transnacional com oportunidades sustentáveis na região. A presença na COP28 amplia a visibilidade do Instituto, o que é fundamental para atrair parcerias e cumprir a missão de promover negócios sustentáveis na Amazônia, com foco na agenda ESG e nos ODS.


Como o Instituto Amazônia+21 percebe o papel do setor empresarial brasileiro na COP28 em relação ao desenvolvimento sustentável na Amazônia?


O setor produtivo brasileiro, especialmente a indústria, investe e inova para promover uma produção mais limpa e sustentável. Na Amazônia estamos fazendo avançar a agenda socioambiental e conseguindo mostrar que queimada é prejuízo para quem queima, que a vantagem está na produção sustentável. Se a COP 28 destaca a transição energética, nenhum país tem uma matriz energética tão limpa quanto o Brasil, que segue investindo em energias renováveis. Buscamos disseminar boas práticas inclusive em áreas tabus e a mineração sustentável desenvolvida pelo SENAI no Pará é um exemplo que precisa ser visto. Portanto, o Instituto vê a COP28 como uma oportunidade para afirmar o compromisso socioambiental do empresariado brasileiro e para o Brasil mostrar capacidade de cuidar da Amazônia, inclusive cobrando mais efetividade do pacto global pela mitigação da crise do clima.


Como você visualiza os desdobramentos após a COP28?


A COP28 termina, mas é aí que o verdadeiro trabalho deve começar. É preciso trabalhar as teses, oportunidades e compromissos levantados na conferência. É preciso implementar estratégias e iniciativas pactuadas. Também é importante manter o ímpeto gerado pela COP, pois a colaboração e o diálogo entre as partes têm que ter sequência e consequência. Então vejo o pós-COP como um período de implementação da agenda ela gerou. Veja que começamos esta entrevista lembrando que as nações desenvolvidas precisam cumprir promessas devidas desde a COP 15, envolvendo o financiamento climático e agora o fundo de perdas e danos, conservação de florestas, diminuição e compensação de emissões. Mas tenho esperança que a COP 30 na Amazônia será o marco de uma ação global mais conectada com a urgência da vida do planeta.

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