O conceito ESG se consolidou como um caminho seguro para a produção sustentável, criando oportunidades de investimentos. Isso também contribuiu para da velha ideia de incompatibilidade da preservação ambiental com o crescimento econômico e a atividade empresarial lucrativa. Sim, o ESG (Environmental, Social, and Governance) mostra que é possível alinhar resultados financeiros com impacto positivo.
No entanto, o conceito sofreu ataques recentes, até reduzindo o compromisso de grandes fundos de investimentos. Mas o recrudescimento da crise climática volta a cobrar maior compromisso com a sustentabilidade e o ESG tende a ganhar força, cada vez mais.
Na Amazônia, as maiores oportunidades estão na bioeconomia, envolvendo atividades que vão desde o turismo e uma nova indústria verde, até o escalonamento da produção florestal, incluindo castanhas, óleos essenciais e frutas como o açaí, formando cadeias produtivas altamente lucrativas, ao mesmo tempo em que promovem a conservação do bioma.
O que é ESG?
ESG é uma sigla que representa os pilares ambiental (Environmental), social (Social) e de governança (Governance). Esses três critérios servem como parâmetros para avaliar a sustentabilidade e o impacto ético das empresas em suas operações.
- Ambiental (E): Refere-se às práticas que as empresas adotam para reduzir sua pegada ecológica, como diminuição de emissões de carbono, uso eficiente de recursos naturais e preservação ambiental.
- Social (S): Abrange questões como inclusão, direitos trabalhistas, apoio às comunidades locais e práticas que promovam bem-estar social.
- Governança (G): Envolve transparência, ética corporativa, gestão de riscos e conformidade com regulamentações.
A adoção do ESG é fundamental porque ajuda as empresas a atenderem e se adequarem às expectativas crescentes de consumidores, investidores, mercados e governos em relação à responsabilidade social e ambiental.
Além disso, estudos mostram que negócios sustentáveis têm maior resiliência a crises e conseguem captar recursos mais facilmente, promovendo uma economia mais justa e equilibrada.
Ambiental: A preservação como estratégia
A dimensão ambiental do ESG incentiva empresas a adotar práticas que reduzem impactos ambientais e promovem o uso sustentável dos recursos naturais. Na Amazônia, isso inclui:
- Investimento em tecnologias limpas: Empresas podem utilizar sistemas de monitoramento para evitar o desmatamento ilegal em suas cadeias de suprimento.
- Recuperação de áreas degradadas: Projetos de reflorestamento e agricultura regenerativa contribuem para a restauração do ecossistema.
Exemplo disso é o mercado de créditos de carbono, no qual empresas podem investir em projetos que preservam florestas e ainda geram ganhos financeiros com a venda desses créditos.
Social: Valorização das comunidades locais
A população da Amazônia desempenha um papel central na sustentabilidade das cadeias produtivas. Empresas que implementam o ESG promovem:
- Inclusão econômica: Incentivam a contratação de comunidades locais, oferecendo capacitação e infraestrutura.
- Conservação do conhecimento tradicional: Valorizam os saberes ancestrais, integrando-os às cadeias de valor e garantindo o respeito às culturas locais.
Uma iniciativa notável é a promoção do manejo florestal comunitário, que alia geração de renda para famílias locais à conservação da biodiversidade.
Governança: Transparência e responsabilidade
No contexto amazônico, a governança tem papel crucial para assegurar que as boas intenções se transformem em práticas efetivas. Isso inclui:
- Monitoramento das cadeias de suprimento: Identificar e mitigar riscos relacionados ao desmatamento ou violação de direitos humanos.
- Parcerias estratégicas: Trabalhar em colaboração com ONGs, governos e instituições de pesquisa para promover soluções escaláveis e sustentáveis.
A adesão ao ESG também fortalece a credibilidade das empresas junto a investidores, que cada vez mais consideram esses critérios na alocação de recursos.
Desafios e caminhos futuros
Apesar dos avanços, ainda existem desafios significativos, como a necessidade de maior apoio às pequenas e médias empresas que atuam na região e a criação de infraestrutura adequada para logística e distribuição. Além disso, é essencial que as políticas públicas sejam reforçadas para fomentar o desenvolvimento de mercados sustentáveis.
O ESG não é apenas uma tendência; é uma necessidade estratégica para o fortalecimento das cadeias produtivas da Amazônia. Ao adotar esses princípios, as empresas podem equilibrar lucro e responsabilidade, contribuindo para um futuro em que desenvolvimento econômico e preservação ambiental caminhem lado a lado.
Além de ampliar oportunidades de negócio, agregar valor aos produtos e abrir mercados para as empresas da Amazônia, o ESG representa um compromisso com as gerações futuras e com a conservação de um dos biomas mais importantes do mundo.